terça-feira, 27 de abril de 2010

Dia da Mãe

Poema à Mãe

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.
Tudo porque já não sou
o menino adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:

Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.

Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.

E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade


Ditado a pares

"Para ultrapassar o problema de a tarefa de ditado assumir por vezes um carácter artificial, podemos pensar em formatos de actividades, nos quais a escrita de palavras, de frases ou de textos, a partir da sua realização oral por outra pessoa se torne significativa, em ligação a uma função que será desempenhada pelo produto escrito ou em ligação à forma de levar à prática o processo de escrita. A própria tarefa do ditado tem sido objecto de muitas propostas de inovação, a fim de diversificar as formas de a levar à prática" (Cassany, 1998; Camps et alii, 2004).
Este ditado tem por objectivos: desenvolver a competência ortográfica e desenvolver a capacidade de identificar incorrecções ortográficas. Assim, ele não se esgota em si próprio, sendo sim, um ponto de partida para uma vertente reflexiva e metadiscursiva. Partindo do ditado, alunos e professor podem, e devem debruçar-se sobre a formulação de regras ortográficas, a explicitação das dificuldades encontradas pelos alunos e a constituição e tomada de consciência de redes de relações entre as palavras, nas quais a forma ortográfica constitui uma forma de aproximação ou de diferenciação.

Competência ortográfica

Como sabemos, a escrita é um processo longo e complexo. “As dificuldades em colocar no papel as representações ortográficas das palavras podem torná-lo ainda mais complexo”.
Luís Barbeiro (2007)
A aula de hoje teve como objectivo o desenvolvimento dessa competência imprescindível.
A estratégia utilizada foi o “ditado a pares”, actividade que julgamos bastante interessante, activa e rentável, pois o aluno, além de transcrever o texto, também exercita a leitura em voz alta, o que permite treinar a dicção.
Foi uma actividade de que as crianças gostaram e que as levou a reflectir sobre a formulação de regras e sobre a explicitação das dificuldades encontradas.

domingo, 25 de abril de 2010

Viver Abril!

Recordar Abril, esse dia que parece tão remoto e esquecido da sua essência.

Fica um excerto de um poema de Ary dos Santos
"Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
...

Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade".
...

"Foi esta força sem tiros
de antes quebrar que torcer
esta ausência de suspiros
esta fúria de viver
este mar de vozes livres
sempre a crescer a crescer
que das espingardas fez livros
para aprendermos a ler
que dos canhões fez enxadas
para lavrarmos a terra
e das balas disparadas
apenas o fim da guerra.
Foi esta força viril de

antes quebrar que torcer
que em vinte e cinco de Abril
fez Portugal renascer".

...

sábado, 24 de abril de 2010

Visita Pascal


Vivendo a experiência da ressurreição do Senhor, a nossa alma canta de alegria porque o Senhor está sempre connosco. Tivemos, pela primeira vez na nossa escola, a tradicional Visita Pascal. Não quisemos deixar passar este acontecimento tão importante sem o partilhar connvosco. Através de uma "chuva de palavras" construímos poemas que expressam o nosso sentir.



Amor, amor, amor
flores brincavam
fazendo formas,

as velas reluzentes
encantavam toda
a gente!

Alegria, alegria, alegria
cantava o senhor padre
e uma equipa,
as amêndoas
saltavam
e derretiam-se.

Foi a festa
do amor de Jesus!

(Mafalda, 3º Ano)


A bondade do Senhor
entrou aqui na nossa sala,
vamos recebê-lo com amor,
para parecer uma gala!


Uma canção para todos,
Jesus Ressuscitou!
A Irmã a tocar viola
foi uma grande festola.

Um bordado em cima da mesa,
as amêndoas e as velas também.
Com amor recebemos o senhor padre,
com carinho beijámos Jesus na cruz!

(Lara Reis)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O Feiticeiro das Palavras


Foi uma proposta difícil e audaz. Este tipo de actividade carece de muita concentração por parte da turma, e, por isso mesmo, não tive receio de experimentar uma aula neste âmbito. Acho importante que as actividades propostas aos alunos provoquem esforço da parte deles, mesmo que, por vezes, não tenhamos resultados imediatos e a aula não seja tão divertida para eles.

- Às vezes, pensamos que escrever um poema é muito difícil, mas todos temos um bichinho da poesia dentro de nós!
- O meu acho que está morto… - afirmou uma das alunas.

Realmente, escrever poesia a partir de um tema não é muito fácil, requer sensibilidade e criatividade. Mas escrever um poema com as poucas palavras dos outros… (como sugeria esta actividade) ainda se torna mais complexo. No entanto, a complexidade não deve ser um obstáculo mas um desafio! Precisamos educar as crianças no esforço e não na facilidade. Nada está morto em nós. A Língua Portuguesa também é aventura…

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dia Mundial do Livro

Dia 23 de Abril, comemora-se o dia Mundial do Livro. Para que este dia não seja uma página em branco, deixo um excerto de José Jorge Letria (2004). Ler doce Ler.

Os livros são casas
com meninos dentro
e gostam de os ouvir rir,
de os ver sonhar
e de abrirem de par em par
as paisagens e as imagens
para eles, lendo, poderem sonhar.

Os livros gostam muito
de contar histórias,
mesmo que essas histórias
sejam contadas em verso
com a mesma naturalidade
com que eu escrevo,
com que eu converso.

Os livros também respiram,
e o ar que lhes enche as páginas
tem o aroma intenso das viagens
que eles nos convidam a fazer,
sempre à espera que a magia
daquilo que nos contam
possa realmente acontecer.

Os livros são novos e antigos,
mas não gostam de ter idade.
Disfarçam uma mancha, uma ruga
e gostam de viver em liberdade
numa prateleira alta,
sobre a mesa em que se escreve
ou na bibliotecas da cidade.
E é por isso, porque o seu tempo
é sempre maior que o tempo,
que eles não gostam de ter idade.
...

Dia da Terra

O Dia da Terra foi criado em 1970, pelo senador norte-americano Gaylord Neson. Começou, como um protesto nacional contra a poluição, mas hoje é assinalado à escala mundial, com iniciativas variadas que têm por base a preservação do nosso planeta. Este dia que tem passado quase desapercebido no nosso país é assinalado mundialmente desde 1990, no dia 22 de Abril.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ensino da escrita - "Avental, Fábrica de Histórias"

 A aprendizagem da escrita exige trabalho, sistematização e persistência, tanto por parte do aluno como de quem ensina.Sendo a planificação, o ponto de partida, as competências inerentes à mesma devem desde cedo ser trabalhadas. Tendo como intuito trabalhar a escrita, em particular a planificação de uma história – texto narrativo, foi o pressuposto desta aula. Após explicar as partes que constituem uma história, cada grupo retirou do “Avental – Fábrica de histórias” -as cartas com os elementos (herói, locais, missão,oponente; adjuvante) necessários à planificação das respectivas histórias.Prossegui a explicação da sequência com auxílio do PowerPoint (início, herói, local onde vive; missão; onde se desenrola a história; oponente; adjuvante; fim).Apresentei uma pequena história para exemplificar, tendo como base a sequência de imagens utilizada para explicar, reforçando a importância da adjectivação e de toda a planificação, na elaboração dos textos. Após esta explicação, os grupos lançaram-se ao trabalho com entusiasmo e empenho.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A consciência fonológica na relação oral - escrita

Para escrever as palavras correctamente, as crianças vão realizando várias conquistas ao longo da sua aprendizagem. Algumas dessas conquistas são:
- discriminar os sons que integram as palavras;
- saber como esses sons podem ser transcritos;
- seleccionar, dentre as várias formas de representação possíveis para esses sons ou a que está de acordo com a norma ortográfica.
Tarefa complexa que implica um ensino sistemático.
A aula de hoje tinha como desafio levar os alunos a reflectirem sobre a complexidade da representação dos sons de uma palavra por meio de grafemas (escrita) e a sua conversão novamente em fonemas (leitura), concretamente o som z na sua representação pelo grafema s.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Festa de anos

Entrar numa sala enfeitada de balões causou logo de imediato grande surpresa e enormes sorrisos nas crianças, que deu gosto ver. Não tardaram em voar perguntas dos alunos pela sala:

- Que é isto?
- Que fixe! Vai haver alguma festa?
- Quem faz anos?
- É o professor Peixoto, que a irmã só faz em Abril!

A surpresa e a alegria
estavam no ar,
algo se ia passar de diferente
e não foi difícil de chegar lá.

Haveria mesmo uma festa de anos.
Uma das maiores curiosidades
que os alunos revelavam
era saber quem fazia anos afinal.

A surpresa foi mantida por mais algum tempo...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Uma Páscoa Muito Doce!

Uma Feliz Páscoa e... muito doce!